

Continuação do Legado



Ex-vereador na cidade de Santos, ex-deputado Estadual no Estado de São Paulo, prefeito eleito na cidade de Santos e impedido de tomar posse no cargo, devido a cassação de seu mandato e suspensão de seus direitos políticos durante 10 anos.
Lembrança de um Homem
Rafael Mota
É possível ter convicções e ser firme sem radicalismo. Pontos de vistas distantes podem convergir com diálogo. Sob desgraça, a paciência é virtude de necessidade, para que a tentação de ser desonesto não bata à porta. Ainda assim, há o risco de grandes desejos não se realizarem.
Pois um político – sim, um homem dessa categoria desde sempre sob críticas – cumpriu aquelas premissas à risca e, com obstinação e drama, estabeleceu novos patamares: Esmeraldo Tarquinio (1927-1982), único negro eleito prefeito de Santos, cassado pela ditadura antes da posse e cujo nascimento completa 90 anos.
A vida de Tarquinio, vicentino de nascimento, foi uma sucessão de obstáculos. Perdeu o pai aos 7 anos – Tarquínio de Campos, jornalista e cronista esportivo que morreu aos 35, de tuberculose – e começou a trabalhar aos 8, em São Paulo, para ajudar a mãe e a irmã a sustentarem a casa.
Chegaram a Santos quando tinha 9 anos. Foi continuo, vendedor de jornais e livros, engraxate, cantor de orquestra, despachante aduaneiro, líder estudantil. Aos 28 anos, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais e exerceu advocacia.
Popular na cidade, apoiou campanhas políticas – notadamente, as tentativas vitoriosas de Jânio quadros para governador, em 1954, e presidente da República, em 1960. Então filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), concorreu à Câmara Municipal em 1959. Vencedor, exerceu mandato a partir do ano seguinte.
Mesmo com a renúncia do Jânio em 1961, Tarquínio se manteve fiel a esse político, ainda bastante querido em Santos. Não obteve apoio político do ex-presidente, mas percorreu dezenas de cidades paulistas para, em 1962, ser eleito deputado estadual. Tornou-se o primeiro cidadão indiscutivelmente negro (sem mistura racial) a ser titular do cargo.
Golpe nova aprovação
O golpe de 1964 forçou políticos a tomarem posição. Tarquinio escolheu se opor ao regime militar, que naquele mesmo ano cassou o prefeito José Gomes (do PTB de João Goulart presidente deposto), de quem foi líder na Câmara.
Sindicatos sobretudo os ligados a atividade portuária, sofreram intervenção. Em 1965, extinguiram-se os partidos políticos existentes, Só se conseguiram criar duas legendas em seu lugar, a Aliança Renovadora (Arena, governista) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB)-ao qual se filiou Tarquínio.
Reeleito em 1966 com a quarta maior votação no Estado, Esmeraldo Tarquínio se credenciou a tentar novamente a prefeitura. Ele havia sido derrotado um vez, no ano anterior, por Silvio Fernandes Lopes, então um ex-prefeito bem avaliado e que dispunha de amplos recursos de propaganda.
Foi na eleição municipal de 1968 – ano em que protestos populares foram proibidos pela ditadura e o regime se fortaleceria com a mais dura de suas normas, o Ato Institucional número cinco (AI-5) – que Tarquínio sofreu duplamente: com ressalvas por ser oposicionista e pela cor da pele. Assim o resumia um comandante militar: era um “negro subversivo”.
Venceu nas urnas, perdeu no regime. A cerca de um mês de tomar posse, teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos. Não poderia votar, ser votado nem falar em política abertamente. E, com a renúncia de seu vice, Oswaldo Justo (1926-2003), que se recusou a tomar posse sob tais condições, Santos perdeu a autonomia política: até 1984, teve prefeitos nomeados pela União e pelo Estado.
Fonte: Jornal A Tribuna de 12 de abril de 2017.

Marechal do Samba J. Muniz Jr.

Ressignificar os Direitos Humano, Memória da ancestralidade: políticas de Estado para valorizar o Povo Negro e Sambista de Santos, enfrentar o racismo e reescrever o abolicionismo, ficaria difícil, ou até, impossível, o desenvolvimento da Ação Comunitária para Construção da Cidadania da Comunidade Negra e Comunidade do Samba, sem a participação de J. Muniz Jr., foi através da Cartilha do Samba Toque de alerta para o Carnaval de 1987, publicado pela Prefeitura Municipal de Santos, que J. Muniz Jr., estabeleceu as necessidades para que o cidadão seja consagrado pela comunidade condição de Tradicional da Comunidade Negra e Comunidade do Samba na cidade de Santos.

Publicações
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J. Muniz Júnior
► Prefácio Livro Panorama do Samba Santista
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