

Conceito Político-Pedagógico Cultural
Flávio Bastos em seu artigo "O mau-caratismo tem cura?" publicou:
A crise de valores que atinge a sociedade mundial, especialmente a brasileira, é uma soma de situações que inclui a má índole como produto da perversidade que ainda acompanha inúmeros espíritos em suas novas jornadas na dimensão física, associada a outra situação não menos importante e de abrangência social, que é gerada por uma espécie de "caldo de cultura" que estimula a apologia da malandragem e do cafajestismo.
Portanto, cabe às novas gerações surgidas na Nova Era de transformações, para o planeta Terra e a sua gente, ressignificar -através de uma visão interdimensional- a educação como plataforma de mudanças que a sociedade mundial necessita. Ou seja: priorizar, a partir da família, o humano, a solidariedade e a benevolência como valores imprescindíveis para que a humanidade possa alcançar o ideal de bem comum.
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva, Psicoterapia Reencarnacionista, Terapia Floral, Psicoterapia Holística, Parapsicologia, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
Nesta página constam os valores imprescindíveis que formam o Conceito Político-Pedagógico Cultural do Empreendimento Social de Construção da Cidadania dos Negros e Sambistas de Santos.


Sociólo Fernando Henrique Cardoso, quando presidente da República, no dia 27 de fevereiro de 1996, criou o primeiro Grupo Trabalho de Valorização da População Negra do Brasil, após 28 anos no país ser promulgado a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial.
No caso brasileiro, nós temos de valorizar o fato de nós construirmos uma sociedade multirracial, porque não se trata de valorizar por valorizar. É porque isso é parte constitutiva da nação. A nação brasileira se compõe dessa multiplicidade.
Então quando falo do negro, estou falando do brasileiro, do cidadão, da cidadã brasileira. Não se trata de um movimento, de parcialidade. É uma parcialidade que forma um todo. E esse todo é, precisamente, hoje expressivo, porque é múltiplo, porque tem uma enorme variedade de participações raciais e culturais. E nós temos de desenvolver formas civilizadas de convivência, que reconheçam o diverso e entendam que, realmente, o Brasil se distingue porque foi ou virá a ser capaz de fazer com que essa diversidade produza um resultado positivo para o conjunto do país, para o conjunto da nação.
Há um aspecto que eu creio que nós devemos insistir sempre, que faz falta no mundo de hoje, que é o aspecto da tolerância, do respeito à diversidade. Se o mundo de hoje é um mundo que tem um lado preocupante, é o da intolerância. E essa intolerância, geralmente, se apresenta sob uma forma de racismo.
Fernando Henrique Cardoso 27/02/1996
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O sociólogo Fernando Henrique Cardoso, ao institucionalizar o espaço exclusivamente para o desenvolvimento humano da População Negra do Brasil, trouxe no Brasil o Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, para lançar a Pedra fundamental do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra CNIRCN, no Palácio do Planalto, em 21 de julho de 1998.
A inauguração do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra CNIRCN, aconteceu em 21 de novembro de 2002.
"...Meu caro Presidente Nelson Mandela, e deixem-me dizer-lhe que eu me junto a todos os brasileiros que o consideram o herói do nosso século.
A sua presença é motivo de alegria e inspiração para todos nós brasileiros – alegria porque estamos dando mais um passo importante no reencontro de duas nações irmãs. Sempre soubemos que o Brasil e a África do Sul tinham todas as razões para caminharem junto. No passado, porém, a repulsa da sociedade brasileira pelo regime do apartheid adiou o projeto de parceria e integração que hoje podemos levar adiante e que celebramos com esta visita. Inspiração porque o exemplo de sua vida de luta pela liberdade e seu papel decisivo na reconciliação da sociedade sul-africana valem para o conjunto das nações. O nome de Nelson Mandela é hoje um símbolo universal das virtudes da liderança política em seu significado histórico e humano mais pleno..."
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Visita de Nelson Mandela




Mário Sérgio Cortella
Proferiu a palestra Cidadania
Filósofo, Mestre e Doutor em Educação. Realiza atividades de Conferências, Palestras e Cursos em Instituições como Banco do Brasil, Banco Itaú, Souza Cruz, Grupo Gerdau, Gessy-Lever, Mercedez Bens, Sabesp, General Motors, Volkswagen, Embraer, ABN AMRO, entre outros. Eleito pela Revista Exame como um dos 10 maiores Palestrantes do Brasil.
“...A tarefa central e prioritária na nossa Nação é a construção da cidadania. E essa tarefa deve e pode se dar em vários níveis, seja na sociedade civil, seja na sociedade política. No aparelho de Estado ou no Legislativo, teremos a possibilidade de colaborar imensamente na construção da cidadania.
O primeiro mito, então, é achar que temos de resgatar a cidadania, quando — isto sim — precisamos construí-la.
O segundo deles é opor, como instâncias diversas, a política e a cidadania, quando na prática estas se identificam.
O que muitos fazem — e os senhores sabem que não deve ser feito — é confundir política com partido.
Política partidária é uma das maneiras de se fazer política; não é a única, não é exclusiva e não é sempre a adequada em todos os níveis.
Mas a política, de maneira geral, é qualquer tipo de ação que se tenha dentro da sociedade.
FONTE: Câmara dos Deputados – Comissão Legislativa Participativa – 2001.
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Seminário Democracia e Soberania Popular







Apresentação
As ações da população negra nas diversas instâncias da sociedade brasileira têm suscitado novos desafios às instituições de ensino superior no Brasil. Elas não podem permanecer alheias às demandas que desde outrora esse contingente populacional vem forjando no país. Cabe às universidades e demais órgãos de pesquisa e ensino dar visibilidade às histórias e manifestações culturais desse povo, e assim colaborar com a sociedade no debate e na crítica acerca da condição social, econômica, política e cultural da população negra e desse modo auxiliar a sociedade na superação do preconceito racial e na efetivação de medidas que os incluam nos diversos setores da sociedade, a exemplo da universidade e do mercado de trabalho.
Este seminário tem sua gênese no Seminário sobre História da África e Cultura Afro-brasileira ocorrido entre os dias 21 e 24 de novembro de 2006, fruto do empenho de um grupo de professores(as), pesquisadores(as), estudantes e membros de comunidades afro-descendentes que, através do NEAB-I, somaram seus esforços e realizaram o citado evento. Tornou-se, portanto, o passo inicial para constituição do núcleo e do intercâmbio entre esta entidade, membros de comunidades afro-descendentes e pesquisadores que trabalham com temáticas relacionadas à questão do negro.
A partir desse ideal, o Seminário Nacional de Estudos de História e Cultura Afro-Brasileiras convida pesquisadores(as) das diversas áreas do conhecimento a colocarem em comum suas produções acadêmicas acerca da temática negro(a) e cultura afro-brasileira e africana, e se dispõe a ser um espaço de discussão, debate, e de novos aprendizados sobre a matriz africana na formação do Brasil.
Nesse ínterim, abrimos espaço para dialogar com as diferentes áreas do saber, a partir das mais diversas perspectivas, haja vista a trajetória de luta e resistência forjada pela população negra ser longa e passar pelos diferentes setores e períodos da história do Brasil. Desse modo, homens e mulheres negras estão nos palcos da história e se afirmaram sujeitos dos seus próprios destinos e do seu povo, não se submeteram às regras do Estado autoritário, patrimonialista, racista e sexista.
Desde a década de 1970, quando a historiografia brasileira passou por uma revisão, e a história cultural e social se tornou mais freqüente nas universidades, a história e cultura dos(as) afro-brasileiros(as) passaram a compor os estudos e pesquisas fomentadas nas universidades brasileiras.
No entanto, é preciso ampliar o debate, sobretudo, porque hoje um contingente negro também desponta na condição de estudioso(a) e pesquisador(a) da sua própria história e traz à tona questões e interpretações outrora desconsideradas, a exemplo da presença do(a) negro(a) na produção do saber e da ciência, e a inserção do saber e da cultura afro-brasileira nas instituições de ensino.
A Lei 10.639/003 é uma expressão de que novas tramas estão sendo tecidas, visto apontar para o fato de que a história e a cultura brasileira que hoje aprendemos e ensinamos nas nossas instituições de ensino devem ser revistas, de modo que os elementos históricos e culturais da África, dos(as) africanos(as) e afro-brasileiros(as) sejam incluídos nos currículos, pois não se concebe que o Brasil, o país fora do continente africano com a maior população negra do mundo, permaneça mantendo o povo e a cultura negra em regime de exclusão.
Nesse sentido, o Seminário Nacional Sobre Estudos de História e Cultura Afro-Brasileiras é um espaço de reflexão e revisão das posturas e do olhar dos acadêmicos com relação à população negra no Brasil, bem como de diálogo com a sociedade, pois não é admissível que, em pleno século XXI, ainda se considerem os negros e as negras sujeitos sem história e culturalmente inferiores.
Em função disso, o evento pretende alcançar não só a comunidade universitária, como também a sociedade em geral, em especial as comunidades negras urbanas e rurais espalhadas pelo estado da Paraíba, que silenciosamente mantêm suas práticas culturais em meio à omissão das ações públicas. Assim esperamos atingir um público que englobe estudantes, professores(as), pesquisadores (as) e militantes dos diversos grupos e comunidades negras, tanto no âmbito estadual quanto no nacional.







Projeto de Extensão Universitária
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
Campus da Baixada Santista
MEMÓRIA, TERRITÓRIO E PRODUÇÃO DO CUIDADO
Cria mais uma oportunidade de ensino-aprendizagem, onde professores e alunos se relacionam de modo orgânico com entidades da sociedade civil da cidade de Santos.
Visa potencializar a participação cotidiana dos cidadãos na gestão local e no controle das condições que podem interferir na sua saúde e da coletividade onde vivem e trabalham.
É necessário que os sujeitos se apoderem do território, o que implica um processo de identificação com os diferentes lugares, suas particularidades históricas e políticas, possibilitando assim uma participação mais efetiva. É, portanto, o espaço de aprendizado e produção de cuidado e cidadania.
Equipe Executora
Docentes da UNIFESP Baixada Santista
Coordenador: Prof Dr. Mauricio Lourenção Gracia
Profª Drª Samira Lima da Costa
Profª Drª Rosilda Mendes
Bibliográficas
CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Carnaval carioca: dos bastidores ao desfile. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994.
COSTA, Samira Lima da. Os sentidos da comunidade: construções intergeracionais de memória coletiva na Ilha das Caieiras, em Vitória – ES. Rio de Janeiro, 2008. Tese de Doutorado em Psicossocilogia de Comunidades e Ecologia Social. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia, 2008.
COSTA, Samira Lima da; MACIEL, Tania Maria de Freitas Barros. Os sentidos da comunidade: a memória de bairro e suas construções intergeracionais em estudos de comunidade. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 61, n. 1, 2009. p. 60-72
GARCIA, Mauricio Lourenção. Carnavalismo: produção de alegorias existenciais. Tese de Doutorado. PUC-SP, 2004
MENDES, R. e DONATO, A. F. Território social de construção de identidades e políticas. Revista de Políticas Públicas. SANARE. Ano IV, nº 1, jan-mar 2003, p.35-38.
PASCHE, Dário Frederico. Política Nacional de Humanização como aposta na produção coletiva de mudanças nos modos de gerir e cuidar. Interface - Botucatu, Botucatu, 2009. Acesso em 13 de setembro de 2009.
VALLA, Victor V. Revendo o debate em torno da participação popular: ampliando sua concepção em uma nova conjuntura. In: BARATA, R.B.(Org.). Doenças endêmicas: abordagens sociais, culturais e comportamentais. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2000. p. 251-268.


Raça e Etnia
Compreendendo a dificuldade de identificação com a cultura negra no bairro Vila Mathias e Paquetá.
Pesquisa área Social
Alunos participantes:
Aline Correia Martins Pereira
Brenda Barbosa da Silva
Damiso Ajamu da Silva Faustino
Gabriela Esteves
Lyghia Kalinna Sauane de Benedetti
Marina Pereira
Thiago Mendonça de Oliveira


Realizado em Salvador (BA), em 19 de abril, no contexto das preparações para a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial - a III CONAPIR.
Salvador foi a primeira capital fora de Brasília a sediar os Seminários Temáticos que integraram a programação comemorativa de dez anos de criação da SEPPIR e etapa preparatória para a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – III CONAPIR, que acontece de 5 a 7 de novembro, em Brasília, com o tema Democracia e Desenvolvimento Sem Racismo: por um Brasil Afirmativo.
Ética, violência e racismo
Em uma perspectiva geral, nós podemos dizer que a ética define a figura do agente ético e das suas ações e o conjunto de noções ou de valores que balizam o campo de uma ação para que ela seja considerada ética. O agente ético é definido como um sujeito ético, isto é, como um ser racional, consciente, que sabe o que faz. Como um ser livre, que decide e escolhe o que faz, e como um ser responsável que responde por aquilo que faz.
A ação ética, por sua vez, é balizada pelas ideias de bom ou mal, justo ou injusto, virtude e vício, isto é, por valores cujo conteúdo pode variar de uma sociedade para outra ou na história de uma mesma sociedade, mas que propõe sempre uma diferença intrínseca entre condutas segundo o Bem, a Justiça e a Virtude. Assim, uma ação só será ética se for consciente, livre e responsável. Só será virtuosa se for realizada em conformidade com o bom e o justo. E a ação ética só é virtuosa se for livre, e só será livre se for autônoma, isto é, se resultar de uma decisão interior ao próprio agente e não vier da obediência a uma ordem, a um comando, ou a uma pressão externos. Enfim, a ação só é ética se realizar a natureza racional, livre e responsável do agente, e se o agente respeitar a racionalidade, a liberdade e a responsabilidade dos outros agentes, de sorte que a subjetividade ética é sempre uma intersubjetividade. A ética não é um estoque de condutas, e sim uma praxis que só existe pela ação dos sujeitos individuais e sociais e na ação deles, definidos por formas de sociabilidade que são instituídas pela própria ação humana em condições históricas materiais determinadas.
A ética, portanto, como nós acabamos de apresentá-la, se opõe evidentemente à violência. Violência é uma palavra do latim e que significa, primeiro: tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de alguém, violência significa desnaturar. Segundo, todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém. Violência significa coagir, constranger, torturar, brutalizar. Em terceiro, todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade. Violência significa violar. Quarto, todo ato de transgressão contra aquelas coisas ou ações que alguém ou alguma sociedade define como justas e como um direito. Quinto, violência é um ato de brutalidade, sevícia, abuso físico e psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e relações sociais definidas pela opressão, intimidação, medo e terror. A violência se opõe à ética, porque trata seres racionais e sensíveis, dotados de linguagens e de liberdade, como se fossem coisas, isto é, irracionais, insensíveis, mudos, inertes, passivos.
Na medida em que a ética é inseparável da figura do sujeito racional, voluntário, livre e responsável, tratá-lo como se fosse desprovido de razão, de vontade, de liberdade e de responsabilidade é tratá-lo como não humano, portanto tratá-lo violando sua natureza, fazendo-lhe violência nos cinco sentidos que demos a essa palavra. É sob esse aspecto, entre outros evidentemente, que o racismo é violência fundada na naturalização das diferenças e na legitimação da exclusão e do extermínio dos diferentes, postos como inferiores. O racismo é uma crença fundada em uma hierarquia entre raças. É uma doutrina baseada no direito de uma raça, tida como pura e superior, de dominar as demais, e ele é um sistema político. Então ele é uma crença, uma doutrina, e ele é um sistema político fundado na extrema hostilidade contra os que são postos como inferiores levando a leis de discriminação, leis de separação ou apartamento total, o apartheid, e de legitimação e destruição física dessas pessoas, isto é, o genocídio.
Para entendermos o modo de funcionamento do racismo precisamos recordar alguns dos sentidos da palavra representação. Essa palavra, que significa estar no lugar de um outro, possui três sentidos principais. O primeiro, que se encontra na própria origem do seu uso, é o sentido jurídico, isto é, desde Roma, é o advogado que se apresenta em nome de um acusado e fala em seu nome. O segundo sentido é teatral, referindo-se ao ator que se apresenta no lugar da personagem, fala por ela e como ela. O terceiro sentido é derivado dos dois primeiros, isto é, é o sentido político, refere-se àquele que é escolhido para representar publicamente a vontade, os interesses e os direitos de um outro do qual recebeu o mandato para falar no seu nome. O núcleo do lugar da representação é, portanto, estar no lugar de um outro e falar em nome desse outro.
Ora, o pensamento crítico moderno mostra o que acontece com a ideia da representação nas sociedades fundadas na divisão social das classes. Ela serve para que a classe dominante de uma sociedade ofereça uma imagem dos dominados por meio da qual ela o define como o seu outro e o constrói como naturalmente inferior. Dessa construção resultam dois efeitos políticos. No primeiro, o outro é definido racialmente como inferior, posto desprovido de pensamento, voz e vontade, precisando por isso que a classe dominante ocupe o lugar desses inferiores e fale no seu nome, ou seja, a representação é usada para legitimar a exclusão racial no espaço público. Quero frisar porque estamos lutando pela representação, é preciso lembrar que a classe dominante manipula a noção de representação para produzir a exclusão. Em segundo lugar, a classe dominante considera este que é inferior como um perigo, isso por isso ela legitima o seu extermínio. Então nós precisamos lidar com todas as contradições da representação, porque a noção de representação em uma sociedade racista e dividida em classes legitima o racismo, a opressão, a exclusão, e o extermínio. Nós temos que desconstruir a noção dominante de representação e criar uma outra, senão não faz sentido nós irmos para o espaço público com a mesma ideia de representação, que é aquela que nos sufoca.
No caso do Brasil esse dois efeitos se encontram presentes, mas eles são sistematicamente ocultados por um mito, o mito da não violência brasileira, que permite afirmar que não há racismo no Brasil. Por isso é necessário examinar, ainda que brevemente, a representação imaginária que sustenta o mito da não violência brasileira. Passo então ao meu segundo tópico, o mito da não violência.
Professora Doutora Marilena Chauí
Universidade de São Paulo – USP
FONTE: Secretaria de Políticas da Pro moção da Igualdade Racial SEPPIR
Clique e assista a íntegra da palestra video


Face à baixa incorporação do conceito de racismo institucional nos processos de trabalho e frente ao ainda reduzido número de experiências prévias de estratégias para a erradicação desse fenômeno, o Empreendedorismo da Produção de Cultura Negra adota como orientação o Guia de Enfrentamento do Racismo Institucional resultado de um processo de construção coletiva que agregou organizações antirracistas brasileiras, o Governo Federal e o Sistema das Nações Unidas no país.
Objetivo do Guia de Enfrentamento do Racismo Institucional é oferecer novos elementos para a construção de diagnósticos, planos de ação e indicadores que permitam o enfrentamento do Racismo Institucional e de contribuir para a criação de um ambiente favorável à formulação e implementação de políticas públicas.
Como definir e identificar o racismo institucional?
Como enfrentá-lo?
São essas as questões consideradas neste material, pensado como um instrumento para colaborar com avaliação, construção de diagnósticos, indicadores e estratégias, fortalecendo o compromisso do Estado e da sociedade brasileiras com o enfrentamento do racismo institucional, vivenciado cotidianamente pela população negra no Brasil.
Reconhecer a existência dessa dimensão da desigualdade que tão profundamente estrutura nossa sociedade e nosso Estado é essencial para enfrentá-la. E reconhecer que ela se manifesta e se expressa em diferentes níveis, a partir de diferentes mecanismos, também é fundamental para avançarmos em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.
Orienta o Guia de Enfrentamento do Racismo Institucional que o racismo pode se expressar no nível pessoal e internalizado, determinando sentimentos e condutas; no nível interpessoal, produzindo ações e omissões; e também no nível institucional, resultando na indisponibilidade e no acesso reduzido a serviços e a políticas de qualidade; no menor acesso à informação; na menor participação e controle social; e na escassez generalizada de recursos.
O conceito de Racismo Institucional foi definido pelos ativistas integrantes do grupo Panteras Negras, Stokely Carmichael e Charles Hamilton em 1967, para especificar como se manifesta o racismo nas estruturas de organização da sociedade e nas instituições. Para os autores, “trata-se da falha coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica.