


Continuação do Legado
SOCIEDADE EMANCIPADORA
LIBERTA ESCRAVOS
NO TEATRO GUARANY

Santos é uma das cidades mais antigas e importantes do Brasil. Fundada em 26 de janeiro de 1546, é destacada por sua história de pioneirismos, lutas e posições diante dos principais fatos do desenvolvimento do país.
Dia 14 de março de 1886. Teatro Guarany, Santos. Duas mil pessoas se aglomeravam na plateia, camarotes e bancadas da glamorosa casa de espetáculos da Cidade para testemunhar um acontecimento único no país. Como um símbolo da luta santista pró-abolicionista, doze escravos ganhavam liberdade, para euforia dos presentes.
O Brasil já vinha discutindo a questão emancipadora dos escravos negros havia algum tempo, um passo iniciado, aliás, em terras santistas, por José Bonifácio de Andrada e Silva que, na década de 1820, libertara os cativos das terras de sua famí- lia. A partir daí, de forma lenta e gradual, outros avanços foram registrados, em especial após 1850, quando da promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que extinguiu o comércio transatlântico de escravos africanos. Em 1871, com a Lei do Ventre Livre (a partir da qual toda criança nascida de mãe escravizada seria considerada automaticamente livre) e, em 1885, com a Lei dos Sexagenários (a partir da qual todo escravizado com mais de 65 anos seria considerado livre), estava claro o caminho para a abolição completa. Mas esta não viria sem luta e pressão social. E foi isso que os santistas mais fizeram.
MILITÂNCIA
Santos era reconhecida nacionalmente como palco de um dos mais organizados movimentos de abolição no Brasil. Desde a década de 1870, a maior parte da população militava pela alforria dos escravos que vagavam, aos montes, pelas ruas da cidade, carregando e descarregando café nos trapiches. Muitos destescativos eram propriedade de “barões do café”, que os enviavam para servir em suas casas comissárias e trapiches.
Para os escravos fugidos das fazendas cafeeiras do interior paulista, Santos era vista como uma espécie de “terra prometida”, por abrigar diversos quilombos, sobretudo na área do Cubatão (que pertenceu a Santos até 1949), ao pé da Serra do Mar. O mais conhecido deles era o do “Pai Felipe”, que acabou transferido, em 1880, para dentro da cidade (na área hoje ocupada pela CET, na Vila Mathias). Esses agrupamentos de escravos fugidos estavam, por sua vez, cercados de bairros de africanos livres, os mesmos que haviam reformado a antiga estrada que ligava a capital bandeirante à cidade santista (Aterrado de Cubatão) e permanecido no seu entorno. O maior agrupamento era o do famoso Quilombo do Jabaquara, organizado e administrado por abolicionistas santistas e paulistanos, responsável por abrigar alguns milhares de fugidos.
SARAIVA-COTEGIPE
Neste contexto é que surgiu, em 1886, uma campanha liderada pelo major Joaquim Xavier Pinheiro, que era então o presidente da Câmara Municipal de Santos, para a criação de uma sociedade com a finalidade de “libertar escravos”. No dia 27 de fevereiro, numa grande solenidade no prédio da Praça dos Andradas (atual Cadeia Velha), a Câmara santista promoveu uma cerimônia para a declaração da Lei Saraiva-Cotegipe, declarando livres todos os escravos com mais de 60 anos. Santos, então, comemorou bastante o ato e os proprietários de escravos da cidade, incentivados pelo movimento, resolvem libertar seus cativos, de qualquer idade, aplaudidos pela multidão que acorrera ao edifício da Justiça.
Pelo simbolismo da data, Xavier Pinheiro e outros notórios santistas, fundaram a Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro, e passaram a angariar fundos para poder “comprar” os negros ainda escravizados da cidade, para posteriormente oferecer-lhes a carta de alforria. E para demonstrar todo o êxito da empreitada, em 14 de março de 1886, promoveram um evento no Teatro Guarany, onde compareceram cerca de duas mil pessoas. A Sociedade havia adquirido doze cativos e, num ato de grande comoção, todos ganharam liberdade.
Assim, antes da Lei Áurea (Lei Imperial 3.353, de 13 de maio de 1888), que decretou a aboli- ção total da escravatura no Brasil, Santos já era uma terra livre para todos os homens e mulheres. Um orgulho da nação. Quilombo do Jabaquara, maior reduto santista de negros libertos no século XIX O Teatro Guarany, palco de várias cerimônias de libertação de escravos, como a ocorrida em 14 de março de 1886.
REFERÊNCIAS:
“VIRTUDES E LIMITES DE UMA ESCRAVIDÃO QUANTIFICADA: A ESCRAVIDÃO EM SANTOS DO SÉCULO 19” – MARIA HELENA P. T. MACHADO “
UMA ASSOCIAÇÃO ABOLICIONISTA NA CIDADE DE SANTOS: SOCIEDADE EMANCIPADORA 27 DE FEVEREIRO – 1886” – VERA LÚCIA ALBA REI DIAS
Publicado no Diário Municipal de Santos de 19 de março de 2016


Fonte







Quintino de Lacerda
Presidente
Câmara Municipal de Santos
Quilombo do Jabaquara


Marechal do Samba J. Muniz Jr.
Escritor
Algumas palavras
Todo povo tem sua história, inclusive, suas tradições populares. E no Brasil, além do rico folclore, destacam-se o Samba e o Carnaval, o primeiro, considerado o ritmo nacional, e o segundo, a maior festa popular do país. Ambos merecem ser enfocados com seriedade, principalmente o Samba, pelas suas raízes negras.
Em relação a isso, como se sabe, há muitos anos existem várias entidades carnavalescas em Santos, tais como choros, cordões, blocos e ranchos carnavalescos, inclusive, as escolas de samba. Todavia, com o desaparecimento da maioria dessas agremiações do cenário carnavalesco, apenas restaram as escolas de samba que passaram a proporcionar o grande espetáculo do tríduo momístico. Por isso, atualmente, a denominação Carnaval foi trocada por mundo do samba: a de folião, por sambista e a de cronista carnavalesco, por cronista do samba.
É importante ressaltatar que carnaval é uma festa popular que acontece uma vez por ano, com disputas entre agremiações carnavalescas. Enquanto, mundo do samba é universo das escolas, onde elas giram no decorrer dos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Saõ duas coisas distintas e chegaram até a confundir. Um outro detalhes. O samba se destaca ainda como parte integrante da MPB em forma de música e dança, transformando-se num espetáculo ambulante no carnaval, quando vai para avenida em forma de cortejo, através das escolas, com seus enredos, fantasias, alegoria, samba-de-enredo e bateria, como sonho das mil e uma noites.
Atentem que o Carnaval tem seu rei Momo, soberano e autoridade maior, que impera ao lado de sua rainha no período da folia. Quando ao mundo do samba, que é paralelo, é representado oficialmente pelo Cidadão e Cidadã Samba, respectivamente, na condição de autoridade maiores. Assim é que o rei faz parte de uma monarquia carnavalesca e o cidadão (que é republicano) integra um universo também republicado, que ´we o samba.
Logo após o Carnaval de 1987, honrou-nos o então Secretário Municipal de turismo, Álvaro Bandarra, com a incumbência de pesquisar e fazer um levantamento histórico referente ao carnaval Oficial de Santos. E, apesar da árdua tarefa de rebuscar fatos do passado, sentimo-nos à vontade entre acontecimentos memoráveis, que nos trouxeram gratas recordações, na qualidade de velho carnavalesco, veterano sambista e decano cronista do mundo do samba.
Dessa forma, baseados em antigos episódios registrados pela imprensa e outras fontes, através de pessoas e das coleções de A Tribuna, bem como O Diário e do Cidade de Santos (já extintos), onde militamos como redator, pesquisando e cronistas, respectivamente, conseguimos concluir um ensaio denominado Efemérides Oficiais do Carnaval Santista.
Todavia embora não tenhamos logrado editar o aludido trabalho, isso devido as dificuldades costumeiras para se registrar a memória histórica de uma cidade quatro centenária, apenas conseguimos trazer à lume – depois de mais de um década – a parte referente a Samba e suas Escolas, com o título O Samba em Desfile.
Assim é que a presente obra não deixa de ser um documentário, ou melghor, um registro inédito sobre o folclore negro e o legendário mundo do samba santista. E que, pelo menos, deverá servir como contribuição em forma de subsídios para a própria história da cidade, numa demonstração de elevado apego à tradição nacional.
Marechal do Samba J. Muniz Jr.
O Autor
Livro - O Samba Santista em Desfile 1999


Apresentação
O desejo do historiador Nuto Santana de que”... a raça negra (conta) numerosos heróis embora esteja ainda à espera de seus historiadores...” já se realizou pelo trabalho de José Muniz Jr.., que dedicou sua vida à História, principalmente da Baixada Santista, tendo singular importância O negro na História de Santos.
Com a bibliografia com mais de 20 livros publicados, em com vasto conhecimento sobre carnaval, onde destacamos Panorama do Samba Santista e Do batuque à Escola de Samba, não é acaso que Muniz Jr. é o Marechal do Samba.
Segundo o autor, o objetivo do livro Nos tempos da Batucada, é registrar a marcante presença do negro em Santos, desde os primórdios. E acrescento que, até as décadas do século XX, ele foi registrando do negro, a vida trabalhosa, sua adaptação e em uma cultura não africana, suas estratégias de sobrevivência, sua superação às dificuldades, para progredir material e psicologicamente, conseguindo afinal, em vários campos de atuação e conhecimento, notáveis realizações.
O samba nasceu das raízes africanas, pela resistência de africanos e crioulos. Foi no século XIX e até avançado no século XX, considerado dança que seguia música de pouco valor, própria de gente rude e desordeira.
Uma característica marcante da civilização brasileira é adaptação de elementos novos ou estranhos, o que da origem a novas manifestações culturais. É a lei social da aculturação. Ao analisar esse fenômeno social, Muniz Jr., descreve o processo de criação do samba, nos tempos da batucada desde a época colonial, quando era um dos raros fazeres de escravos, libertos e brancos pobres. Nos tempos da escravidão, imperava rígida separação social e, às vezes, autoridades ou senhores proibiam diversões populares pretextando ser ocasiões de desordem. Documentos oficiais restringiam ou impediam as reuniões folgazãs de batuques, samba e capoeira. Os perseguidos, por sua vez, usavam a rigidez oficial como motivação para o samba. “Estava num samba La no Salgueiro/ veio a policia me levou no tintureiro”, como bem lembra o autor.
Em Santos, os malandros mostravam suas habilidades de batuqueiros nas rodas de pernadas, nas tradicionais festas de Nossa Senhora de Monte Serrat, no alto do Monte, na Bacia do Macuco e de dançarinos nas gafieiras da cidade.
Investigador de música popular, Muniz Jr., desenvolve a evolução da batucada até atingir o aparecimento do samba, manifestação vibrante de música brasileira. Na história da batucada ele demonstra os batuqueiros associados com a malagragem, e que, aos poucos voltam-se para o trabalho, no caso de Santos, como ensacadores e estivadores, o que inicia a discriminação entre negros e mulatos ou entre malandros e trabalhadores.
Em meados do século XX o samba é alvo de interesse de músicos de formação clássica, é o caso, por exemplo do maestro Radamés Gnatalli, que fez arranjos de Samba, para orquestra sinfônica na ideia de que a música popular deveria ser tocada para grandes plateias de teatros e auditórios, onde só tocavam obras eruditas, a maioria de autores clássicos europeus.
Esse fenômeno, que foi a invenção do samba, está evidente na história da batucada relatada pelo Autor, ao descrevera atuação dos negros, crioulos e brancos negreiros pobres nessa criação de autêntica manifestação da nossa brasilidade.
Santos, dezembro de 2011
Wilma Therezinha Fernandes de Andrade
Historiadora de Santos
Mestra e doutora em história Social pela USP – Universidade de São Paulo, professora assistente da UNISANTOS – Universidade Católica de Santos; membro da AFCLAS – Academia Feminista de Ciências Letras e Artes de Santos – e da – Academia Santista de Letras e autora de artigos e livros.


Projeto Quintino de Lacerda
Introdução
Projeto Quintino de Lacerda aspectos pedagógicos e culturais da Convivência Comunitária: Memória e Cultura Negros e Sambistas Tradicional da Metrópole Santista, Associação de Defesa da Comunidade Negra e Comunidade do Samba - Clube do Samba ADICLUSA, desenvolve o Empreendimento Social de Construção da Cidadania, que o histórico forma o Obra Cultural Projeto Quintino de Lacerda "Diagnóstico do racismo estrutural e institucional cidade de Santos", Produção de Cultura Negra de Santos (Art. 215 e 216 CB), criação de Luiz Otávio de Brito participação de diferentes autores, direito conforme Lei Federal nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, a qual trata do Direito Autoral.
Segue metodologia do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra CNIRCN, promoção e preservação dos valores pedagógico, cultural, social e econômico decorrentes da influência da participação da Comunidade Negra e Comunidade do Samba da Metrópole Santista na formação da História na Região, referência cidade de Santos.
Pedra fundamental do CNIRCN lançada no Palácio do Planalto, em 21 de julho de 1998, pelo Presidente do Brasil, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO e pelo Presidente da África do Sul, NELSON MANDELA, inauguração aconteceu em 21 de novembro de 2002.
A participação encontra como obstáculo o racismo institucional, para superação esta sendo desenvolvido a AUTO-ORGANIZAÇÃO voltada para satisfazer as necessidades da geração atual fundamento Constituição do Brasil, leis Complementares, Tratados Internacional.
Adaptação conforme definido em setembro de 2015, chefes de Estado, de Governo e altos representantes da Organização das Nações Unidas reuniram-se em Nova York e adotaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que propõe uma ação mundial coordenada entre os governos, as empresas, a academia e a sociedade civil para alcançar os 17 ODS e suas 169 metas, de forma a erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta.
Negros e Sambistas Tradicional de Santos atuam como cidadãos Homens e Mulheres culturalmente diferenciados, consagrados pela comunidade e reconhecido pelo município conforme estabelecido no Decreto Municipal nº 638/88, por possuírem forma própria de organização em relação ao desenvolvimento Físico, Mental, Moral, Espiritual e Social das Crianças, Adolescentes, Jovens e Velha Guarda em condições de liberdade, direcionado para construção de um futuro inclusivo, resiliente, sustentável, mobilização iniciado oficialmente no ano de 1983, as institucionalizações conquistadas no município, asseguram oferece ocuparem a condição da Representação como Negros e Sambistas de Santos que atuam na cidade através de recursos naturais para reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição, conforme estabelecido na Lei Federal nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, a qual instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicional, Processo Municipal nº 29595/2006-17, aprovado pela V Conferência Municipal de Cultura, Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos CONDEPASA e Câmara Municipal de Santos.
Sobre Direito Social (trabalho, saúde e educação), Conceito Político-Pedagógico Cultural a colaboração é do Estado Brasileiro (Senado Federal, Câmara dos Deputados Federal e Governo Federal), Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba UEPB Campus Campina Grande, Universidade Santa Cecília UNISANTA, Centro Universitário Monte Serrat UNIMONTE, Projeto de Extensão Universitária da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Campus da Baixada Santista.
Plano de Ação montado no SENAC, confirmado no SEBRAE.
