


Preâmbulo
Panorama do Samba Santista
Dado ao estudo de história e folclore, há muito tempo vimos nos dedicando a pesquisar profundamente o populário brasileiro, principalmente o samba e as suas escolas. Desde que começamos a pesquisar o assunto, gostamos tanto que, durante três décadas, temos mantido contato permanente com a gente do mundo do samba, tornando-nos inclusive um deles. Nessa constante convivência com sambistas, do Rio de Janeiro, de São Paulo e de nossa cidade, tivemos oportunidade de examinar inúmeros documentos, de participar de diversas promoções das chamadas escolas de samba, inclusive, de juntar em nosso arquivo particular, importantes documentações, algumas até vindas da África - pátria dos ritmos.
Mourejando na imprensa local desde 1962, como cronista carnavalesco e colunista de música popular, fomos levados, através de incentivo dos companheiros da crônica, a escrever algo mais profundo, a respeito do Samba Praiano Bandeirante. Por isso, o objetivo desta obra é oferecer, àqueles que desconhecem, uma pequena amostra das atividades do samba, de sua gente, dos seus redutos famosos e de suas agremiações, que contribuíram e que continuam ainda colaborando para elevar o prestígio da cidade de Santos e da Baixada Santista, no campo do folclore, de nossa música popular e do próprio Carnaval. Afinal, foi aqui que o saudoso mestre Edison Carneiro, como pesquisador e observador, encontrou - segundo suas próprias palavras - "maior espontaneidade e calor humano do que no fantástico espetáculo do Domingo de Carnaval do Rio".
A maioria dos elementos fundamentais para este modesto trabalho foi colhida em arquivos de jornais, bibliotecas e outras fontes, levando-nos, inclusive, a registrar o depoimento de antigos sambistas e carnavalescos. Assim, depois de longo tempo, pesquisando, ouvindo aqui e ali, conseguimos juntar uma valiosa documentação sobre o mundo do samba Santista. Servindo-nos de tais elementos - muitos dos quais já publicados por nós no jornal CIDADE DE SANTOS e outros inéditos - para elaborar este Panorama do Samba Santista.
Não temos a pretensão de fazer uma apologia do Samba Santista, senão que a de apresentar uma descrição com forma histórica, baseada em fatos registrados pela imprensa, cuja documentação, pelo menos, deverá servir para pesquisas mais acuradas referentes ou relacionadas ao Samba da Baixada, pois temos a certeza de que outros trabalhos mais completos aparecerão. A todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a elaboração desta obra, nossos agradecimentos.
Santos, agosto, 1975
J. Muniz Jr.
Jornalista
Pesquisador de História
Estudioso da Cultura Negra