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Campeoníssima Escola de Samba Brasil

Ô, abre alas! Povo gentil,

Deixa passar, deixa passar

A Escola de Samba Brasil...

 

Foi a partir de 1950 que a Escola de Samba Brasil passou a participar ativamente dos carnavais da Cidade, tornando-se logo uma agremiação vitoriosa, um verdadeiro celeiro de bambas, de notáveis sambistas, que jamais poderão ser olvidados: Daniel Feijoada, Dráuzio da Cruz, Eurípedes Adão Ribeiro, João Góes, Nega Tiana e outros.

 

É considerada a segunda mais antiga escola de samba da Região da Baixada Santista e a terceira de uma linguagem batuqueira do decantado Maçudo (bairro do samba), na seguinte ordem: xisnove (1944), Vitória (1946) e Brasil (1949). Sua fundação ocorreu no dia 31 de março, na antiga sede do Santos Dumont FC, que ficava no ponto final da linha 5 (bonde), ocasião em que adotou nome de Brasil, inclusive, as cores da Bandeira Nacional. Dentre seus fundadores avulta os nomes de Cabo Laurindo, dona Carminda, mestre Manezinho, José Benedito, Acácio, Mesquita e outros.

 

Debutou audaciosamente no carnaval de 1950, como a nova força do samba santista, empatando em primeiro lugar com a X-9, que vinha vencendo de 1947, iniciando assim, uma trajetória inigualável que marcou época. Em 1951, foi campeã absoluta, voltando a vencer em 1953. Foi a grande campeã do 1º concurso Extra-oficial, promovido pela Prefeitura Municipal de Santos, através do Conselho Municipal de turismo em 1954, ano em que também sagrou-se campeã do carnaval do IV Centenário de São Paulo, um feito notável que foi motivo de orgulho para nossa cidade:

 

Foi no IV Centenário

Que São Paulo festejou,

O troféu da vitória

Nossa escola conquistou...

 

No ano anterior já havia arrebatado o título de Campeã da Festa da Uva de Jundiaí e, em meados daquela década firmou definitivamente seu nome no centenário carnavalesco da cidade e da Capital. Embora tenha sido vice-campeã de 1995, iniciou-se, a partir do ano seguinte, uma campanha vitoriosa durante oito carnavais consecutivos (1956-1963), conquistando assim, um octacampeonato, quando, a crônica carnavalesca, reconhecendo seus méritos, concedeu-lhe o pomposo título de a campeoníssima.

 

Muita coisa poderia se dizer da Brasil, porém, é imperioso relembrar que, na sua época mais brilhante, seus balizas, passistas, pastoras, baianas, cabrochas, ritmistas e sua monumental corte arrancaram delirante aplausos do público no desenrolar das batalhas de confete e dos concursos.

 

Naqule áureos tempos, destacavam-se no seu meio expressivas figuras que merecem ser lembradas: Louruval do Trombone, Olívio e Francini (cantores), a porta-bandeira Benedita, o porta-estandarte Abelardo, os mestres Manezinho, Cara de Gato e Aurélio (à frente da bateria), Acácio, Chumbinho, Eurico, Minhoca, Vadico, Alemão, Pardal, Pae João, Madureira, Rubens Cata, Bolacha e Luiz (ritmista); Zé Beto, Carabina, Bebeto, Zé Antônio, Marquito e Abaianinho (ala de frigideira); Vanderley, Fuzil, Mandrake, Cativeiro e Lourinho (passista); Serginho e Nego Blabino (balizas), seu Alfredo Japonês (ala); Jorge Duarte e Derosse de Oliveira (compositores) e tantos outros.

 

Todavia veio a perder a sua invencibilidade para a X-9 no carnaval de 1964, sofrendo um rude golpe pouco depois, com o falecimento da tia Carminda (Carminda de Jesus Franco), fundadora e dirigente fervorosa, que, nos seus últimos momentos, recomendou ao seu filho Vadico que a escola continuasse, que não podia acabar:

 

Vestida de branco via desaparecer,

Pedindo pra gente pra escola não morrer...

 

Aconteceu que profundamente comovidos com o seu desaparecimento, seus familiares não tiveram condições de sair no carnaval de 1965. Passada aquela fase triste e desanimadora, voltou a desfilar em 1966, participando ainda do Campeonato Estadual de Escolas de Samba, em 1967 e 1968.

 

Eis que uma crise interna envolveu a escola pouco depois, impedindo sua saída no carnaval de 1969. Mesmo assim, não deixou de marcar presença no III Simpósio Nacional do Samba, realizado no Rio de Janeiro, em princípio daquele mesmo ano, cuja delegação foi chefiada pelo Cabo Olívio.

 

De volta à passarela no carnaval de 1970, reiniciou arrojada luta para que seu glorioso pavilhão de oito estrelas voltasse a tremular ufanoso no mastro da vitória. E isso veio acontecer somente no carnaval de 1991, quando reconquistou a supremacia do mundo do samba após vinte e oito anos de árdua disputas, graças ao desempenho de uma plêiade de abnegados, liderados pelo dedicado casal Vadico-Isaurinha, que, embora enfrentando inúmeras adversidades, permaneceram fiéis às suas cores.

 

No carnaval passado, a Escola de Samba Brasil, atualmente com quarenta e seis anos de existência e sem ter uma sede social ou quadra (ensaia na rua), foi atingida duramente através do regulamento do Campeonato Regional de Escolas de Samba, punida com o rebaixamento para o segundo grupo.

 

Trata-se de uma verdadeira humilhação para uma agremiação com o seu valor e que vem lutando tenazmente ao longo do tempo para manter o prestígio do mundo do samba e do carnaval santista. A exemplo da pioneira X-9, a campeoníssima é um patrimônio da cidade em matéria de samba e não merece permanecer na humilhante situação em que se encontra. Vamos olhar com mais carinho para a decana escola que é digna de toda a nossa admiração e respeito:

 

Brasil, Brasil, Brasil,

Verde, amarelo, branco e azunil.

J. Muniz Jr.

 

Publicado no Jornal A Tribuna de 20 de agosto de 1995

 

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